Ano após ano, o resultado do IDEB mostra-se desanimador. Muito embora esse índice apresente alguma melhora, o Brasil ainda está muito atrás dos países considerados desenvolvidos quando o assunto é a qualidade da educação. E o problema é exatamente este: a qualidade.
Não é difícil encontrar gestores públicos, intelectuais e teóricos da pedagogia defendendo a importância da qualidade da educação. Entretanto, a legislação brasileira enfatiza muito mais a quantidade.
Os índices de reprovação caíram vertiginosamente nos últimos anos. Mas o que poderia ser um aspecto positivo na busca pela tão sonhada qualidade, nada mais é do que o resultado de uma política de mitigação de critérios no sentido de garantir ao estudante a progressão, independentemente de considerar suas habilidades e competências. Nos dias de hoje, um indivíduo só é reprovado se ele for quase um heroi às avessas. Em consequência disso, o aluno chega no ensino médio, por exemplo, sem saber ler direito, determinando assim, a queda dos níveis de debate em torno de conteúdos e do próprio conhecimento de mundo da turma.
Nos anos iniciais, entre o 1º e 3º anos, existe a progressão compulsória ou automática. Isso significa que qualquer aluno, alfabetizado ou não, será arremessado numa turma de 4º ano e o professor terá que fazer das tripas coração para dar aulas a uma turma cuja heterogeneidade cognitiva está muito além dos limites da normalidade. Isso é qualidade? Isso é preocupação com a qualidade do ensino? Absolutamente! Isso é quantidade. Isso é maquiar os fatos.
A escola precisa exigir dos alunos compromisso em aprender. Precisa avaliar sem nenhum tipo de facilitação. Precisa mostrar que educação é coisa séria, sem a qual o sucesso de alguém é improvável. Será que aprovar alunos em massa sem que eles demonstrem capacidades para tanto é mais justo do que exigir deles uma mudança de comportamento frente aos estudos? Definitivamente, não.
Assim, a busca pela qualidade do ensino passa invariavelmente por uma mudança nesse sistema controverso verificado no Brasil inteiro. Senão, daqui a alguns anos, nós teremos indivíduos com nível superior sem saber ler e escrever.
Um abraço.