segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CORAM LEGEM

A cada dia que passa, os brasileiros se deparam com leis - aberrações jurídicas - cuja função social é superestimar aspectos insignificantes da vida e tornar as pessoas reféns de coisas até então irrelevantes. Explico. Não é necessário ser um leitor assíduo de jornais e revistas para saber que, no Brasil, as pessoas que, em função de alguma circunstância da vida, chamarem alguém de "bicha", podem ser passíveis de prisão e processo por ato discriminatório. Porém, há pessoas que roubam milhões e milhões de reais dos cofres públicos e nada acontece. Será que proferir determinadas palavras - de baixo calão, é verdade - é mais grave do que assaltar o contribuinte?
No contexto da sala de aula, é provável que daqui a alguns anos, a professorinha do primário não possa mais contar aquelas estorinhas folclóricas tão adoradas pelas crianças. Já imaginou, a professora dizendo:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Saci-Pererê!
E quando ela for saindo da escola, já esteja uma viatura da polícia pronta para levá-la ao distrito. Ainda bem que tudo é uma questão de léxico, de terminologia, de vocabulário. Portanto, queridos professores, quando quiserem contar a estorinha supracitada, falem assim:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Afrodescendente portador de necessidades especiais!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Poder da Síntese

O professor James entrou na sala de aula para mais um dia de trabalho. Contudo, deparou-se com uma balbúrdia sem precedentes. Meninos brincando de guera de bola de papel - bando de belicistas, uns correndo pela sala, outros chutando as carteiras - coitadinhas das carteiras, outros, ainda, gritando tão histericamente que alguém que passasse no meio de uma tempestade de areia no deserto a um quilômetro ouviria! Para dar um basta, o professor golpeou o seu birô com a palma da mão. Os alunos, surpresos com tamanha "lapada", olharam todos, de olhos esbugalhados, em direção ao professor. Ele então disse:
- Por causa disso, vocês vão produzir uma redação em que os temas sexo, monarquia, religião e mistério sejam abordados. Vai valer a nota da prova!
Alguns alunos, horrorizados, começaram a coçar a cabeça e todos deram início à tarefa.
Dois minutos depois, o Joãozinho - sempre ele - levantou a mão e disse:
- Professor, terminei!
Incrédula e ironicamente, o professor respondeu:
- Humm, terminou?! Então leia a sua redação.
Joãozinho, parecendo um "lord" inglês, foi até a frente:
- Estupraram a rainha! Meu Deus, quem terá sido?

Um abraço

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SE NÃO PODE COM ELE...



O professor James estava discorrendo sobre o tema da sua aula e, de vez em quando, era interrompido por um aluno. O nobre magíster, então, pedia ao seu pupilo que colaborasse e fizesse silêncio. Silêncio que durava ínfimos 30 ou 40 segundos. Após este período - uma eternidade pro aluno - ele voltava a falar, a gritar, a proferir toda sorte de impropérios. Vendo a situação fugir do seu controle, o professor resolveu agir mais, digamos, incisivamente:
- Menino, faça silêncio.
- Que isso, "fessô!", respondeu o aluno.
- Você está atrapalhando a aula desde o início.
- Tá bom, vou ficar quieto!
O professor, como tivesse resolvido o problema, virou-se para pegar o livro e voltar ao raciocínio. Porém, eis que subitamente um objeto voador não-identificado atingiu em cheio a lousa. É um pássaro, um avião?!?!Não, era uma bola de papel tão dura que parecia de outro material. O mestre não titubeou. Partiu em direção ao aluno e disse:
- Saia da sala!
- Não saio!
- Saia da sala! Estou mandando!
- Não saio! Não saio!
- Então fique!
Não sei o que causou o refugo do destemido professor, mas tenho uma leve desconfiança que isso tem algo a ver com o tamanho do aluno.

Um abraço

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PEDAGOGIA DO "BATEU, LEVOU"



O professor James estava dando os encaminhamentos para iniciar a sua aula. Entretanto, dois garotos estavam, insistentemente, trocando "elogios" - os professores podem imaginar quais são - quando um deles arremessou uma inofensiva bolinha de papel contra o colega. Muito educadamente, o outro menino atingiu-lhe com um limão (isso mesmo, um limão!). O garoto alvejado por aquela fruta cítrica e ascórbica começou a chorar. Por coincidência, a diretora da escola passava justamente pela sala na hora dos fatos. O professor não hesitou em chamá-la. Ela aproximou-se, olhou pela janela e disse, dirigindo-se ao aluno-alvo do limão:
- Tá vendo, Beltrano, é bom bater, é bom levar.
Depois dessa brilhante intervenção, quase "Freireana", o professor James, emocionado, só conseguiu ver o tamanho do "galo" na testa do menino. Dali em diante, qualquer conflito mais sério foi resolvido pela pedagogia do "Bateu, Levou".

Um Abraço
Um professor de Ciências/Biologia, grande amigo meu, contou-me a seguinte passagem: Ele colocou uma questão na sua prova da 1ª série do Ensino Médio que pedia aos alunos para apontar uma utilidade dos preservativos (camisinhas). Em uma das mais interessantes respostas da história da humanidade, o menino disse: "Evitar gravidez sexualmente transmissível".
Eu fiquei pensando: já imaginou se a gravidez não fosse sexualmente transmissível! O que seria dos fabricantes de preservativos!!!!!!!!!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Tabuada de Inglês

Certo dia, estava dando aula para uma turma do 6º ano. Tudo corria bem, até que eu coloquei na lousa uma lista com os meses do ano em Inglês. Como há uma semelhança considerável com o Português, resolvi "problematizar":
- Pessoal, o que vocês percebem nessa lista? Ela parece com algo que vocês já conheçam?
Solicitamente, uma menina respondeu:
- Sim, professor!
Eu, cheio de satisfação e expectativa, repliquei:
- Pode falar!
E ela:
- Uma tabuada...
- Uma tabuada?!
Gritamos eu e alguns alunos em uníssono! E até hoje eu fico perplexo e estupefato, tentando entender como aquela aluna conseguiu vislumbrar aquilo.

Um Abraço