segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CORAM LEGEM

A cada dia que passa, os brasileiros se deparam com leis - aberrações jurídicas - cuja função social é superestimar aspectos insignificantes da vida e tornar as pessoas reféns de coisas até então irrelevantes. Explico. Não é necessário ser um leitor assíduo de jornais e revistas para saber que, no Brasil, as pessoas que, em função de alguma circunstância da vida, chamarem alguém de "bicha", podem ser passíveis de prisão e processo por ato discriminatório. Porém, há pessoas que roubam milhões e milhões de reais dos cofres públicos e nada acontece. Será que proferir determinadas palavras - de baixo calão, é verdade - é mais grave do que assaltar o contribuinte?
No contexto da sala de aula, é provável que daqui a alguns anos, a professorinha do primário não possa mais contar aquelas estorinhas folclóricas tão adoradas pelas crianças. Já imaginou, a professora dizendo:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Saci-Pererê!
E quando ela for saindo da escola, já esteja uma viatura da polícia pronta para levá-la ao distrito. Ainda bem que tudo é uma questão de léxico, de terminologia, de vocabulário. Portanto, queridos professores, quando quiserem contar a estorinha supracitada, falem assim:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Afrodescendente portador de necessidades especiais!

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