quinta-feira, 29 de novembro de 2012

CUIDADO COM A PORTA!

Era o meu primeiro dia de aula naquela escola. O local era muito aprazível, repleto de pessoas atenciosas, agradáveis e competentes. Os alunos, curiosos, observavam aquele rapaz forte e destemido (ísso mesmo, eu!), e perguntavam uns aos outros se seria aquele seu novo professor...
Tudo corria bem. Passei em duas salas antes do intervalo. Lanchei juntamente com os demais professores e depois fui ao banheiro. Para quê?!?!
Bem, a intenção era escovar os dentes. Porém, havia um porta na entrada do banheiro. Na entrada do banheiro, havia uma porta. E não era uma porta qualquer! Era uma porta sacana. Daquelas que gostam de emperrar e deixar os desavisados presos. Foi o que aconteceu.
Subitamente, eu estava naquele cubículo sem poder sair. Olhei para um lado e vi uma vassoura. Do outro, havia um cesto de papel e perto de mim um balde. "Se pelo menos o MacGyver estivesse aqui!". Resolvi, então, forçar a porta. Ela nem mexia.
O tempo foi passando. Eu comecei a suar. Minhas pernas ficaram sem forças. Deu vontade de chorar, de gritar, de evacuar, de escalar as paredes, de derrubar a porta. "Mas se eu fizer isso no primeiro dia de aula, vão falar que eu sou louco", pensei.
Para aumentar meu desespero, o sinal avisou o fim do intervalo. E agora? Aos poucos, a diretora da escola e outros funcionários sentiram a minha falta e começaram a procurar-me na escola sem obter êxito, obviamente. Àquela altura, eles estavam preocupados com meu sumiço. Uns queriam chamar a polícia. Outros, o corpo de bombeiros. Outros, ainda, queriam usar os seus contatos com o FBI para iniciar as investigações. Mas eu continuava lá, olhando aquela maldita porta.
Nesse momento, percebi um ponto fraco dela: uma fresta. Passei a, como diria a filósofa mamãe, brechar. Vislumbrei um garoto sentado numa mureta, a aproximadamente um metro de distância da porta.
-"Ei, menino! Psiu, me ajuda. Empurra a porta. Tô preso aqui!".
O menino ouvia, mas parecia não estar acreditando. Enquanto eu falava, ele aproximava-se da porta, olhava e não fazia nada. Não movia uma palha.
-"Menino, tô preso no banheiro.  Empurra a porta, tá emperrada."
Para minha surpresa, o menino saiu. Eu fiquei desesperado. Mas quando tudo parecia perdido, chegou o vigilante, avisado pelo menino, e abriu a porta. Foi um grande alívio.
Quando eu saí, uma multidão me aguardava. E o vigilante aproximou-se meio desconfiado e disse:
-"Cuidado. A porta emperra."
-"É mesmo? Bem que eu desconfiei!".

Um abraço

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