Alguns dias atrás, publiquei em meu perfil de uma rede social a seguinte postagem: "Há pessoas que podem bater no peito e dizer: EU SOU BURRO!!!! É triste, mas é real." Algumas pessoas se espantaram. Outras concordaram. Porém, o que mais chamou minha atenção foi o uso de uma reflexão de Paulo Freire acerca do saber das pessoas para refutar minha colocação: "Não há saber maior ou menor. Há saberes diferentes."
Eu reconheço minha insignificância intelectual diante do grande educador e filósofo recifense que traçou sua brilhante trajetória pelas veredas da pedagogia. Entretanto, o exercício de análise e de reflexão sobre as ideais alheias também nos torna indivíduos críticos, como tanto almeja Freire. Ninguém deve aceitar as ideias de terceiros por modismo ou sem analisá-las. Pois bem. Convido os caríssimos leitores desse blog para discutirmos sobre isso.
Considerando pessoas que vivem em contextos ou realidades diferentes, a reflexão Freireana é absolutamente indiscutível. Não há como comparar os saberes que um médico, por exemplo, adquiriu com o conhecimento do qual um advogado apropriou-se, assim como traçar um paralelo entre o conhecimento de um pescador com o de um engenheiro . São áreas distintas. Ninguém, em sua sã consciência, vai contratar um advogado para realizar uma cirurgia e nem um pescador para fazer a planta baixa de um imóvel. Dessa forma, cada saber referente aos profissionais supracitados tem sua relevância, sua importância e não podemos fazer juízo de valor através de uma comparação simples entre eles. Além disso, o conhecimento adquirido pelas experiências da vida não é menos importante do que os conhecimentos acadêmicos.
Contudo, imagine a seguinte situação: um professor, numa sala de aula com quarenta alunos, vai ensinar a esses indivíduos a somar um meio mais um terço (1/2 + 1/3). Com base na experiência de quase treze anos de sala de aula, posso afirmar que uma parte desses indivíduos aprenderão quase que instantaneamente; outra parte terá um pouco de dificuldade, mas também assimilará o conteúdo; outra parcela terá muita dificuldade e somente aqueles que se esforçarem para superar tal problema, conseguirão aprender; outros, ainda, não conseguirão. E, se levarmos em conta que o professor empregou os mesmos métodos para todos, fica claro que há pessoas que possuem déficit cognitivo.
O que torna essa opinião diferente da opinião de Paulo Freire é a prática de mais de uma década de sala de aula. Eu gostaria muito de ver o grande Paulo (hoje descansando na eternidade) lecionando numa escola pública como o João Guió, em Arez-RN, pelo menos durante um bimestre. E acreditem em mim: isso não é uma falácia ou ideia perniciosa. Isso é um desejo sincero. Porque só assim, nós teríamos a oportunidade empírica de checar se aqueles métodos produziriam, de fato, algum resultado positivo. Seria a chance de usar todo o arsenal teórico apresentado por Freire no cotidiano escolar.
Um abraço
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