sábado, 6 de setembro de 2014

PLANEJAR É PRECISO!

O título desse texto  não é uma mera paráfrase da famosa declaração dos navegadores portugueses e que dá nome a um célebre poema de Fernando Pessoa. Essa assertiva me ocorreu porque, em todas as áreas da vida, o planejamento é um aspecto imprescindível. Desde ações mais simples como a compra de um bem até decisões mais complexas como a chegada de filhos, o ato de planejar garante mais segurança no sentido de que tudo acontecerá dentro dos limites do esperado. Na educação não é diferente. Não pode ser diferente. Antes de um aula ou da aplicação das atividades, o planejamento torna-se um instrumento indispensável à consecução dos objetivos pré-estabelecidos. Mesmo assim, ainda há muitas pessoas da área que insistem em desprezar tal hábito.
Certo dia, enquanto eu aguardava ansiosamente o sinal da sirene indicando o intervalo, um grupo de pessoas, liderado pela diretora da escola e tentando fazer o menor barulho possível, carregava freneticamente cadeiras pelo corredor do prédio. Os professores, curiosos, tentavam descobrir do que se tratava, já que nada havia sido comunicado.
Observando discretamente através da porta entreaberta, eu conseguia vislumbrar um corredor repleto de cadeiras, uma tela de projeção com notebook e data show devidamente instalados. As últimas cadeiras sendo colocadas. A diretora num vaivém sem fim.
- O que vai acontecer aqui?, eu me perguntava. Os alunos, com semblante de dúvida, formulavam as mais mirabolantes possibilidades. Os colegas professores não sabiam responder às indagações de seus alunos.
Algumas hipóteses surgiam inevitavelmente. Poderia se tratar de uma palestra educativa, um filme relacionado com algum tema educacional, um simples teste técnico de equipamentos recém-adquiridos, uma homenagem...
O clima era de expectativa e curiosidade. De repente, a idealizadora do momento segura o microfone e anuncia a atração:
- Pessoal, boa tarde. Eu preparei essa atividade com muito carinho para vocês. Espero que gostem.
Virando-se, apertou um botão e um vídeo começou a ser exibido. Para a alegria dos alunos e para minha tristeza e estupefação, o vídeo, acreditem, era o famoso "Para Nossa Alegria", que na época estava no auge.
- Isso não é possível!, pensei, em meio a gritos de delírios dos alunos, que enchiam a diretora de orgulho. Era como se ela tivesse feito algo digno de reconhecimento. 
Eu e outros colegas não conseguimos presenciar aquela bizarrice até o final. Eu saí e fui preparar-me espiritualmente pois eu sabia que acalmar os alunos depois do intervalo não era uma tarefa das mais simples. Naquele dia, especialmente, seria tão fácil como encontrar uma agulha no palheiro.
Um episódio dessa natureza, sem nenhuma relevância didático-pedagógica, sem nenhum planejamento e sem objetivos em relação à aprendizagem, além de mostrar o amadorismo com que se dirige a educação pública, serve como exemplo de (indi)gestão escolar, que não se comunica, não interage e, sobretudo, não planeja. O que aconteceu na escola depois dessa "atividade" é assunto para outra ocasião, mas eu não desejaria ao meu pior inimigo que ele assumisse as turmas nas duas últimas duas aulas daquele dia.


Um abraço!  

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