terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SUSPENSÃO SUMÁRIA

"Acho que está havendo uma revolução na 6ª série e me parece que vocês são os cabeças!". Foi assim que o diretor iniciou uma conversa comigo e alguns alunos, antes de decretar a sentença: dez dias de suspensão.
Isso aconteceu no distante ano de 1990. Eu era um garoto tímido. Nunca gostei de bagunça na sala de aula, apesar de confessar que adorava quando os colegas pegavam no pé de um professor chato ou quando eles faziam coisas pouco ortodoxas durante a aula.
No dia dos fatos, as coisas corriam normalmente. Na hora do intervalo, um amigo e eu tivemos a brilhante ideia de voltar à sala e colocar uns bilhetinhos de amor no cadernos das meninas - disfarçadamente, claro! De repente, entram cerca de quatro colegas correndo na sala, num tipo de brigadeira (briga + brincadeira) que resultou em duas cadeiras quebradas e um barulho tal qual o estampido de uma bomba atômica. O ruído foi suficiente para despertar o faro investigativo do Inspetor da escola. Ele, por sua vez, acionou o líder da turma, dando-lhe a tarefa de dizer os alunos que estavam dentro da sala na hora do ocorrido. Sem hesitar, o alcaguete de marca maior levou a relação ao Inspetor que a repassou ao diretor. 
O diretor era um homem alto, muito alto, com uma protuberância no rosto diretamente proporcional à sua altura - que vamos chamar de nariz - e magro. Ostentava um bigode cuja função era impor respeito aos alunos e às vezes ficar sujo de sopa. Dogmático, sempre dava a palavra final em todos os assuntos e, em muitos casos, nem deixava os outros falarem.
Na sua sala, não foi diferente. Ninguém teve a oportunidade de falar. O direito do contraditório e da ampla defesa, assegurados na Constituição Federal, não nos foi garantido. Os membros dos Direitos Humanos não deram a mínima importância para a nossa situação. 
E depois da homilia, cheia de frases de efeito e ameaças, ele proferiu a sentença, a qual já é conhecida dos caros leitores. No primeiro momento, eu fiquei destruído. Afinal, eu nunca havia sido admoestado sequer por um professor. Mas depois, eu relaxei. Aproveitei aquelas duas semanas de férias forçadas para jogar futebol na rua e brincar de Polícia e Ladrão, coisas que até então só havia feito durante o dia.

Um abraço

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

CUIDADO COM A PORTA!

Era o meu primeiro dia de aula naquela escola. O local era muito aprazível, repleto de pessoas atenciosas, agradáveis e competentes. Os alunos, curiosos, observavam aquele rapaz forte e destemido (ísso mesmo, eu!), e perguntavam uns aos outros se seria aquele seu novo professor...
Tudo corria bem. Passei em duas salas antes do intervalo. Lanchei juntamente com os demais professores e depois fui ao banheiro. Para quê?!?!
Bem, a intenção era escovar os dentes. Porém, havia um porta na entrada do banheiro. Na entrada do banheiro, havia uma porta. E não era uma porta qualquer! Era uma porta sacana. Daquelas que gostam de emperrar e deixar os desavisados presos. Foi o que aconteceu.
Subitamente, eu estava naquele cubículo sem poder sair. Olhei para um lado e vi uma vassoura. Do outro, havia um cesto de papel e perto de mim um balde. "Se pelo menos o MacGyver estivesse aqui!". Resolvi, então, forçar a porta. Ela nem mexia.
O tempo foi passando. Eu comecei a suar. Minhas pernas ficaram sem forças. Deu vontade de chorar, de gritar, de evacuar, de escalar as paredes, de derrubar a porta. "Mas se eu fizer isso no primeiro dia de aula, vão falar que eu sou louco", pensei.
Para aumentar meu desespero, o sinal avisou o fim do intervalo. E agora? Aos poucos, a diretora da escola e outros funcionários sentiram a minha falta e começaram a procurar-me na escola sem obter êxito, obviamente. Àquela altura, eles estavam preocupados com meu sumiço. Uns queriam chamar a polícia. Outros, o corpo de bombeiros. Outros, ainda, queriam usar os seus contatos com o FBI para iniciar as investigações. Mas eu continuava lá, olhando aquela maldita porta.
Nesse momento, percebi um ponto fraco dela: uma fresta. Passei a, como diria a filósofa mamãe, brechar. Vislumbrei um garoto sentado numa mureta, a aproximadamente um metro de distância da porta.
-"Ei, menino! Psiu, me ajuda. Empurra a porta. Tô preso aqui!".
O menino ouvia, mas parecia não estar acreditando. Enquanto eu falava, ele aproximava-se da porta, olhava e não fazia nada. Não movia uma palha.
-"Menino, tô preso no banheiro.  Empurra a porta, tá emperrada."
Para minha surpresa, o menino saiu. Eu fiquei desesperado. Mas quando tudo parecia perdido, chegou o vigilante, avisado pelo menino, e abriu a porta. Foi um grande alívio.
Quando eu saí, uma multidão me aguardava. E o vigilante aproximou-se meio desconfiado e disse:
-"Cuidado. A porta emperra."
-"É mesmo? Bem que eu desconfiei!".

Um abraço

terça-feira, 27 de novembro de 2012

CONTEÚDO X FORMA

Era mais uma aula de Português. Inicialmente, a professora deu alguns encaminhamentos sobre o percurso da aula e apresentou o tema daquele dia: o emprego dos PORQUÊS.
Dando andamento à aula, ela problematizou o assunto escrevendo um pequeno texto no qual apareciam as quatro formas do referido termo. E lançou um questionamento à turma:
- Por que será que a palavra "porque" apareceu escrita de quatro formas diferentes?
Como ninguém se manifestou, ela passou a explicar as condições em que cada tipo deveria ser usado. Mostrou trechos de alguns textos, a letra de algumas músicas conhecidas.
Em seguida, ela propôs uma atividade, um exercício de fixação. Combinou com os alunos que eles teriam vinte minutos para responder.
Depois desse período, ela iniciou a correção:
- Pessoal, alguém fez a questão A?
Quase todos ficaram estáticos. Apenas um rapaz oriundo da zona rural da cidade e conhecido pela sua ortoépia e prosódia bastante peculiar levantou a mão.
- Pois não, disse a professora, qual é a resposta da alternativa A?
- Professora, esse aí é APREGADO!
- Apregado?! perguntou a professora.
- Sim, professora, apregado. E, além do mais, com chapeuzinho!
A professora, gentilmente, explicou ao aluno que o termo "apregado", apesar de fazer sentido, não deveria ser usado. Porém, em meio a gargalhadas incessantes da turma, a professora percebeu que às vezes o conteúdo é muito mais importante do que a forma.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

É ASSIM!

Dentre as experiências vivenciadas em sala de aula, a de trabalhar com Jovens e Adultos certamente se destaca. Na grande maioria dos casos são pessoas que há muito tempo não encaravam a rotina dos estudos e que trazem para o convívio escolar as suas impressões e convicções sobre a vida.
Pois bem, um dia, quando iniciei minhas andanças pelo mundo da EJA sem saber muito bem o que me esperava, uma jovem senhora trouxe o seu filho para a sala de aula. Ele deveria ter uns 4 ou 5 anos.
A aula seguia seu curso normal. Até que, ao virar-me para a turma, deparei-me com a mulher levantando a blusa  deliberadamente, deixando à mostra seus seios já vencidos pela gravidade. Mas não foi um atentado ao pudor do professor. Foi apenas um gesto instintivo de mãe no sentido de colocar seu filho para mamar.
O menino parecia estar faminto. Ele ficou em pé, recostado à cadeira. A impressão que eu tinha era de que o garoto não comia nada havia uns três dias.
Mas, enfim, quando acabou, sua mãe perguntou:
- "Quer mais?"
- "Se tiver um biscoitinho, eu quero!", respondeu o menino.


Um abraço

sábado, 20 de outubro de 2012

VALORIZAÇÃO

Com o advento da LDB, ainda em meados da década de 90, a valorização dos profissionais do magistério foi um assunto cuja importância consolidou-se. Atualmente, porém, um argumento defendido por economistas e administradores com atuação na educação e até mesmo por especialistas na área ganha força:  o de que salários mais altos para professores não garantem qualidade na educação.
A princípio, essa tese pode ter um fundo de razão. Mas, a partir do momento em que se analisa a educação como um processo dependente de outros aspectos - e não apenas dos professores - chega-se a conclusão de que esse argumento é apenas um sofisma.
Em primeiro lugar, todo profissional deve receber um salário digno. É o mínimo que o indivíduo necessita para exercer suas funções da melhor maneira possível. No caso concreto, o professor, na maioria absoluta das vezes, precisa trabalhar durante dois ou três turnos, aniquilando assim o tempo do qual disporia para planejar suas aulas, preparar atividades de acordo com as necessidades de cada turma e, obviamente, descansar. Isso acontece justamente porque o salário correspondente a um turno de trabalho é insuficiente para garantir ao profissional e à sua família uma vida digna. 
Além disso, valorização profissional não significa apenas aumento de salários, mas também valorização social, cultural e institucional da carreira. O magistério, assim como acontece em países que realmente consideram educação como prioridade, precisa ser uma carreira atrativa. Os profissionais dessa área devem ser tão respeitados quanto médicos, advogados e engenheiros. Os jovens tem que vislumbrar na docência um horizonte promissor tanto do ponto de vista profissional como intelectual. Os indivíduos devem parar com esse romantismo exacerbado de dizer que lecionam apenas por amor e assumir uma posição de lecionar por amor também, mas destacar o desejo de crescimento profissional.
É interessante ressaltar que os professores representam uma parte do todo no que se refere ao processo de educação. Triplicar os salários dos professores e esquecer que as escolas necessitam de reformas estruturais das mais variadas possíveis seria um verdadeiro absurdo. Há muitas escolas sem o mínimo necessário para se trabalhar. E o pior: esquecer do próprio aluno.
Em muitas situações, a responsabilidade pelo baixo aproveitamento dos alunos é jogada nas costas do professor. E nem sempre isso é justo. Ocorre que, cada vez mais, os alunos preferem dar prioridade a outras coisas e secundarizam a importância da educação nas suas vidas. Porém, sempre tem alguém fazendo citações dos grandes teóricos: "O aluno deve ser o sujeito de seu aprendizado!", fazendo referência a Paulo Coelho. Nada contra. Mas, até onde sei, o sujeito é aquele que realiza a ação. E quando os alunos não querem isso? Como fazer? Torná-los objeto para depois torná-los sujeito me parece uma grande contradição. É preciso despertar no aluno o desejo de estudar. É preciso incutir no jovem a noção de que sem educação, não há futuro.
Dessa forma, aumentar os salários dos professores não dará resultado se isso for feito isoladamente, mas a partir  do momento em que o docente se sentir deveras valorizado e tiver respaldo estrutural e institucional a educação irá certamente melhorar.



Um abraço

sábado, 6 de outubro de 2012

UMA QUESTÃO DE LÓGICA

O  professor de matemática de uma determinada escola resolveu falar um pouco sobre lógica para seus alunos. Entretanto, dois alunos no fundo da sala não entenderam muito bem as explicações e decidiram procurar o professor depois da aula.
Um dos alunos, por ser muito tímido, não foi falar com o magíster e ficou aguardando o resultado da conversa.
O seu colega, então, chegou para o professor e disse:
- "Professor, o senhor poderia explicar o que é lógica novamente?"
- "Claro", respondeu o solícito mestre. "É o seguinte: vou te explicar de maneira bem simples. Na sua casa tem aquário?", indagou.
- "Sim, tem.", respondeu o aluno.
- "Bom, se tem aquário, você deve gostar de peixe e se gosta de peixe, também gosta de sereia, já que sereia é metade peixe. E, se gosta de sereia, gosta de mulher porque a sereia é metade mulher. E, se gosta de mulher, você é macho! Viu? Isso é lógica!"
- "Ah, sim. Acho que entendi. Muito obrigado, professor."
Algum tempo depois, o aluno reencontrou seu tímido amigo o qual, sem demora, perguntou:
- "E aí, entendeu o que é lógica?"
- "Claro. Presta atenção que vou explicar! Na sua casa tem aquário?", questionou.
- "Não", disse o colega.
- "Então você é gay!", retrucou.



Um Abraço.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

JÁ VI ESSE FILME!

Vocês sabem o que é uma ADIn? Eu particularmente não sabia, até que estava lendo uma reportagem sobre a aplicação da Lei 11.738/2008 - a Lei do Piso Nacional de Professores. Naquele momento, eu fiquei estarrecido ao saber que uma ADIn, cujo significado é Ação Direta de Inconstitucionalidade, havia sido impetrada por alguns respeitáveis governadores de estados com vistas a questionar a constitucionalidade da Lei do Piso. Pois bem: vai acontecer tudo novamente!
Dessa vez, porém, o reclame é outro. Os governadores de seis estados da federação (GO, MS, PI, RS, RR e SC) estão entrando com uma ADIn para contestar o índice de reajuste anual do piso estabelecido pela Lei, alegando a inconstitucionalidade do referido índice. Eles defendem que a correção seja feita levando-se em consideração apenas a inflação. Entretanto, de acordo com a Lei, a correção anual do valor do piso deve ser feita com base na variação do custo-aluno verificada e calculada pelo MEC. Foi assim de 2009 para 2010 (9,7%), de 2010 para 2011 (15,84%) e de 2011 para 2012 (22,22%).
Os governadores argumentam que não tem condições financeiras de cumprir a Lei na sua integralidade. Contudo, veja o que diz o senador Cristovam Buarque acerca desse assunto: Governadores, por favor, não comprometam os seus nomes, no século 21, pedindo a inconstitucionalidade de uma lei de reajuste do piso salarial que eleva um pouco acima da inflação o salário dos seus professores. (http://tribunadonorte.com.br/noticia/cristovam-pede-a-governadores-que-nao-recorram-do-reajuste-do-piso-salarial-dos-professores/231797).
Ainda, segundo o senador da república, o cumprimento integral da Lei do Piso custaria cerca de R$ 3 bilhões aos cofres públicos, o que representa menos de 0,1% do PIB. Cabe salientar que, como defensor ferrenho da federalização da educação, o senador sugere aos governantes o repasse do controle da educação para o governo federal. Os gestores, contudo, nem consideram essa possibilidade, uma vez que nenhum deles gostaria de perder o controle sobre o orçamento vultoso do setor educacional.
O que fica latente é a incapacidade de gestão desses governadores. E, em consequência disso, nós teremos que assistir novamente a esse drama, esperando que lá do STF surja alguém realmente preocupado com a educação para, assim como aconteceu da primeira vez, fazer com que esses governantes realizem o mais elementar papel para os homens de bem: cumprir a Lei.

Um abraço

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

QUE QUALIDADE?

Ano após ano, o resultado do IDEB mostra-se desanimador. Muito embora esse índice apresente alguma melhora, o Brasil ainda está muito atrás dos países considerados desenvolvidos quando o assunto é a qualidade da educação. E o problema é exatamente este: a qualidade.
Não é difícil encontrar gestores públicos, intelectuais e teóricos da pedagogia defendendo a importância da qualidade da educação. Entretanto, a legislação brasileira enfatiza muito mais a quantidade.
Os índices de reprovação caíram vertiginosamente nos últimos anos. Mas o que poderia ser um aspecto positivo na busca pela tão sonhada qualidade, nada mais é do que o resultado de uma política de mitigação de critérios no sentido de garantir ao estudante a progressão, independentemente de considerar suas habilidades e competências. Nos dias de hoje, um indivíduo só é reprovado se ele for quase um heroi às avessas. Em consequência disso, o aluno chega no ensino médio, por exemplo, sem saber ler direito, determinando assim, a queda dos níveis de debate em torno de conteúdos e do próprio conhecimento de mundo da turma.
Nos anos iniciais, entre o 1º e 3º anos, existe a progressão compulsória ou automática. Isso significa que qualquer aluno, alfabetizado ou não, será arremessado numa turma de 4º ano e o professor terá que fazer das tripas coração para dar aulas a uma turma cuja heterogeneidade cognitiva está muito além dos limites da normalidade. Isso é qualidade? Isso é preocupação com a qualidade do ensino? Absolutamente! Isso é quantidade. Isso é maquiar os fatos.
A escola precisa exigir dos alunos compromisso em aprender. Precisa avaliar sem nenhum tipo de facilitação. Precisa mostrar que educação é coisa séria, sem a qual o sucesso de alguém é improvável. Será que aprovar alunos em massa sem que eles demonstrem capacidades para tanto é mais justo do que exigir deles uma mudança de comportamento frente aos estudos? Definitivamente, não.
Assim, a busca pela qualidade do ensino passa invariavelmente por uma mudança nesse sistema controverso verificado no Brasil inteiro. Senão, daqui a alguns anos, nós teremos indivíduos com nível superior sem saber ler e escrever.


Um abraço.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE...

Estávamos no longínquo ano de 1998. Eu, aos dezenove, ainda me sentia muito jovem para aquilo. Eu fazia as minhas introspecções e percebia que estava hesitante, inseguro, talvez despreparado para a minha primeira vez! De vez em quando, eu recorria a algum amigo para ter algumas dúvidas dirimidas, porém enquanto uns diziam ser algo tranquilo, outros afirmavam categoricamente que eu deveria me preparar muito para nada dar errado.
Mas como não podia ser diferente, a hora tinha chegado. E nos dias que antecederam os fatos propriamente ditos, eu me preparei. Muito. Não pensava em outra coisa. Tudo na minha vida girava em torno daquilo: "Isso deve acontecer com todo mundo", imaginava eu.
Dúvidas e indagações surgiam recorrentemente. "Será que eu devo dizer isto?", "Será que eu posso fazer assim?", "Será que vai demorar ou vai passar rápido?". Essas perguntas estavam me consumindo. Felizmente, como diria Cazuza, "o tempo não para" e o grande dia chegou.
Antes, porém, de entrar no local, eu estava confiante pois haviam sido dias e dias de preparação e idealização. O problema é que ao chegar, ela já estava lá. Cabelos presos, batom vermelho, calça apertada e com aquele olhar... Como resultado, toda aquela preparação tinha sido esquecida: a maneira como eu ia chegar, o que eu ia falar, tudo fora consumido pelo nervosismo. Subitamente, comecei a suar - parecia uma tampa de chaleira, encostei-me na parede e comecei a balbuciar algumas palavras - desconexas, é verdade - que ainda lembrava. Essa situação parecia irreal. Até então, eu não conseguia imaginar como seria olhar para ela de tão perto. Linda, ela olhava para mim esperando alguma atitude. E eu, bem, eu agi: peguei o meu livro e comecei a explicar todo o programa de conteúdos para aquela série.
Essa foi a primeira vez que eu entrei numa sala de aula. Com relação a "ela", confesso que "ficamos" umas três ou quatro vezes, mas como ela era apaixonada por outro, paramos por aí.

Um Abraço

quarta-feira, 16 de maio de 2012

DILEMAS DA HUMANIDADE

De onde viemos? Para onde vamos? Dilemas como estes sempre inquietam desde pessoas comuns até os mais renomados cientistas. São dúvidas, questionamentos e perguntas que caracterizam a existência da humanidade. Mas existe uma indagação ainda mais complexa - os professores de Inglês hão de concordar comigo - que é a boa e velha pergunta: "Como é meu nome em Inglês?".
Com a esperança de responder a essa questão de uma vez por todas, os professores falam, explicam, mostram por "A+B" que alguns nomes possuem correspondentes em outras línguas, enquanto outros, não! Mesmo assim, ao final da explicação, o indivíduo pergunta: "Mas professor, como é meu nome em Inglês?".
É muito difícil explicar para alguém chamado FRANCISCLEIDSON, por exemplo, que seu nome é fruto da imaginação por demais fértil dos seus pais, os quais resolveram juntar FRANCISCO, CLEITON e EDSON e o resultado foi essa bizarrice e que esse tipo de artifício é comum em algumas partes do Brasil, resultando em nomes totalmente incomuns.
Outro dia, uma menina chamada CREMILDA queria veementemente saber seu nome em Inglês. Ponderei que não conhecia um correspondente em outras línguas para um nome tão, digamos, peculiar. Mas, como sempre, não a convenci.
E, no meio da conversa, um aluno levanta-se e pergunta:
- Professor, como se diz "preá" em Inglês?
Eu, impaciente por não resolver aquele embrólio, respondi:
- Preá em Inglês é rato-cachorro!!!!
Todos ficaram em silêncio, desconfiados, céticos. Pelo menos, o assunto encerrou-se e eu tive a sensação de dever cumprido nem que seja até a próxima vez em que algum aluno fizer aquela pergunta: "Professor, como é meu nome em Inglês?".




Um Abraço

sábado, 12 de maio de 2012

(DES)CONCENTRAÇÃO


S/I à SEM INTERVALO


Você deve estar se perguntando o que eu quero dizer com isso, não é? Pois bem, explico.
Um dia desses, ao entrar na sala de aula do 8º ano do ensino fundamental, percebi um aluno recostado ao birô, próximo à parede lateral da sala, com a mão na fronte - isso me fez lembrar do "Pensador" de Rodin -  perto do quadro, observando atentamente uma espécie de cartaz cuja função era descrever a rotina escolar dos alunos do turno vespertino.
E, enquanto eu cumprimentava a turma, ele continuava lá. Insistentemente observando aquelas informações. De repente, eu ouvi alguém chamando meu nome: era ele.
-" Professor, venha aqui por favor."
-" Pois não", respondi solicitamente.
E ele, com o dedo apontando para aquela sigla - S/I - cuja representação está no início do texto, perguntou:
- "O que quer dizer isso?"
Nesse momento, eu fiquei sem saber o que fazer. Estupefato com tamanho absurdo, não conseguia acreditar que ele havia me perguntado aquilo. Ele não percebera que existia uma legenda dando conta do significado da sigla e, pior, não entendera que havia uma SETA indicando, apontando para esse significado!
Eu fiquei imaginando o que o simbologista Robert Langdom - aquele mesmo do livro O Código Da Vinci - diria naquele momento. Será que ele seria capaz de decifrar essa sigla?
O que me traz algum alento é o fato de o aluno não ter dito que S/I quer dizer SI...
Esse tipo de absurdo acontece mais frequentemente do que podemos supor. Uma parcela considerável dos alunos conseguem ler, mas não são capazes de interpretar, de entender aquilo que leram. E isso se deve ao déficit de concentração desses alunos. Ler não é apenas decodificar. Ler é, sobretudo, interpretar. Infelizmente, poucos conseguem obter essa competência.

Um abraço.

sábado, 28 de abril de 2012

REDAÇÃO DE PORTUGUÊS



 Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona. O contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu esse pequeno índice.
De repente, o elevador para, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo. Mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e para justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato cm gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iam terminar num transitivo direto. Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentido seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras. Estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez: ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentido o seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso, a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuada edição tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios o seu particípio na história.
Os dois se olharam e viram que isso era melhor do uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontando para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Autor Desconhecido

Um abraço

sábado, 14 de abril de 2012

AS APARÊNCIAS ENGANAM

O primeiro super-herói da minha vida surgiu ainda quando eu estudava na 3ª série do primeiro grau - hoje, 3º ano do fundamental menor. Era um colega de turma cujo nome não publicarei, para não ter problemas com direitos autorais ou coisas do gênero.
Naquela época, nada no mundo poderia me convencer a tomar um banho logo cedinho, antes da aula. Isso porque havia algo imbatível e insuperável: o frio. No máximo, eu conseguia lavar os pés!
Mas havia alguém, que para mim, tinha superpoderes. Ele conseguia fazer algo que estava além das minhas forças: todos os dias ele chegava com o cabelo bem molhadinho, o que, para mim, era prova irrefutável de que ele tomava banho logo cedo.
Eu ficava pensando: esse cara é mesmo demais. Num frio desses, ele ainda toma banho! E a cada dia que ele chegava de cabelos molhados, minha admiração e um pouco de inveja cresciam.
Um dia, contudo, no caminho para a escola, encontrei um outro colega de classe. Ele me chamou para irmos na casa desse meu herói pueril a fim de chamá-lo para a aula.
Sua mãe estava varrendo a calçada da casa e nos disse para entrar. Nós entramos e para minha tristeza, eu me deparei com aquela cena ridícula: o menino, meu herói, estava com a cabeça enfiada num alguidar, molhando os cabelos. E só! Sabe quantas vezes ele tomava banho? NENHUMA!
Depois daquilo, eu passei a sentir um misto de alívio - outros também não tomavam banho antes da aula - e decepção - meu primeiro super-herói era uma farsa. 
A grande lição para minha vida é que nem tudo o que parece ser, é.


Um Abraço

sábado, 31 de março de 2012

PERFUME FRANCÊS

Durante quase 12 anos de sala de aula, eu já testemunhei muitas iniciativas, digamos, politicamente incorretas tomadas pelos alunos. Palavras do mais baixo calão transformadas em pronomes de tratamento, cadeiras e mesas usadas como objetos diretos - para acertar alguém, desinteresse crescendo em progressão geométrica. Houve também um caso em que uma menina empurrou a cabeça da colega dentro da privada, talvez para descobrir como se mede o volume de um sólido geométrico irregular. Contudo, isso não foi o mais grave.
Certo dia, depois que a sirene da escola tocou, decretando o término do intervalo, eu voltei para a sala. Não era qualquer sala! Era aquela! Aquela em que de dez alunos (meninos), oito bagunçavam muito e dois eram mal comportados. E como de costume, os mais responsáveis iam entrando na sala enquanto os outros ainda estavam terminando sua partida de futebol ou sei-lá-o-quê. 
Foi então que um deles, usando de toda a sua crueldade e imaginação, escondeu-se atrás da porta, todo suado, e com um gesto maquiavélico, passou a mão nas axilas (aquilo não eram axilas, eram sovacos) e esperou que os amigos entrassem para iniciar seu ataque: passar a mão, gosmenta e perfumada, no nariz do colegas!
O primeiro a experimentar aqueles odores tóxicos, saiu sem fôlego. O segundo, desmaiou. O terceiro, desavisado, foi o que inalou aquela essência por mais tempo e teve que ser socorrido com sintomas de intoxicação e arritmia.
Mas você deve estar se perguntando o que eu, como professor, fiz nessa situação, não é? Bem, quando começava a arrazoar sobre como iria resolver essa problemática, um odor muito forte - parecia uma mistura de crueira, pólvora, queijo suíço e cavalo suado - já afetara meus neurônios e tudo o que fiz foi evacuar a sala, abrir todas as janelas e proibir a entrada das pessoas por, pelo menos, vinte minutos.
Quando você pensa que já viu de tudo, sempre tem alguém com uma invenção nova.

Um Abraço





sexta-feira, 16 de março de 2012

TIPOS DE ALUNO

Alunos Excelentes: espécie em extinção, apesar de ainda haver alguns exemplares (graças a Deus); são alunos bem comportados, respeitosos, atenciosos e, sobretudo, produtivos. Para esse tipo de aluno, o professor não precisa inventar técnicas mirabolantes - as famosas "estratégias" tão prontamente defendidas e nunca apontadas pelos profissionais de suporte pedagógico - porque eles estão dispostos a ser o sujeito de sua aprendizagem, como tanto defende o grande Paulo Freire. Esse tipo corresponde a cerca de 5% do total de alunos.
Alunos Medianos: representam a grande maioria. Entretanto, eles não se encaixam nessa modalidade por deficiência cognitiva. Pelo contrário, eles tem muita capacidade. O que acontece é que eles colocam os estudos entre as últimas posições da sua lista de prioridades. Assim, eles desenvolvem talentos para muitas outras atividades, exceto as escolares. São aproximadamente 40% do total.
Alunos Bonzinhos: aquele tipo de aluno que fica a aula toda bem quietinho, sem falar quase nada. Seria ótimo caso os professores quisessem dar aula para estátuas! Além disso, eles não questionam, não perguntam, não respondem, não dizem que "sim" nem que "não". E se o professor escrever no quadro que o Brasil fica na Europa, ele, taciturno, anotará no caderno. Cerca de 5% dos alunos.
Alunos Ruins: também conhecidos como "caningados", vão para a sala de aula com um único intuito: tirar o professor do sério! Chamam palavrões, falam alto, querem sair e entrar na sala ao seu bel-prazer e adoram chamar a atenção. Apesar disso, a culpa é sempre do professor. Como assim? Bem, de acordo com dez em cada dez teóricos da área da educação, esses comportamentos podem ser transformados à medida que os professores passem a tratar seus alunos com afetividade. Ainda bem que teoria e prática, apesar de serem aspectos complementares de um processo, são profundamente diferentes. Esses alunos compreendem cerca de 25% do total.
Alunos Péssimos: são parecidos com os ruins, mas tem uma diferença fundamental: além de fazer tudo o que os alunos ruins fazem, os péssimos podem ser violentos. Foi o que ocorreu uma vez com uma professora amiga minha. Ela quase apanhou na sala de aula porque chamou o aluno de "criatura", sem nenhuma intenção de desrespeitá-lo. Foi apenas um vocativo! 15% do total de alunos se enquadram nesse perfil, infelizmente.
Alunos Não-tem-quem-aguente: esses não tem quem aguente! São facilmente reconhecíveis pois apresentam duas características básicas: em primeiro lugar, eles acham muito engraçados ser chatos. Fazem piadas de tudo e nunca respondem com seriedade. Tentam deixar o professor sem graça o tempo todo. A outra característica é que seus pais já fizeram tal qual Pôncio Pilatos - lavaram as mãos - e dizem na escola: "eu não tenho mais o que fazer com esse menino." Os pais não tem, mas os professores tem que ter! São aproximadamente 10% dos alunos.


Um abraço

quarta-feira, 14 de março de 2012



Essa é a tabela de vencimentos/carga horária dos profissionais da educação estado a estado. Observe quem cumpre e quem não cumpre o que a lei determina.

segunda-feira, 12 de março de 2012

QUE ESPÉCIE DE GESTOR VOCÊ TEM?

Depois que o MEC - Ministério da Educação e Cultura - divulgou oficialmente o novo valor do Piso Nacional do Magistério, surgiram duas espécies de gestores: uma jurando de pés juntos não ter condições financeiras de cumprir a lei e outra assoberbando-se e proclamando aos quatro cantos o pagamento do piso.
Em relação à primeira espécie, não há muito o que dizer, mas muito a lamentar. São gestores cujo interesse pela Educação não passa de dissimulação, de sofismas. A importância que este tipo de gestor dá à Educação restringe-se a saber o montante de recursos destinados a esta área. E aí surge o problema. Os governantes que alegam não ter condições de cumprir a lei podem pedir uma espécie de subsídio ao governo federal. Para tanto, eles precisam comprovar a falta de recursos, mas, curiosamente, nenhum ente federativo - Estado ou Município - conseguiu isso desde 2008, quando a lei foi promulgada. Dessa forma, não precisa ser um expert em Matemática Financeira e nem um Sherlock Holmes para concluir que ou existe dinheiro suficiente SIM para pagar aos professores ou o dinheiro exclusivo do FUNDEB é desviado para outras demandas, o que, claro, é ilegal.
No que se refere ao segundo tipo, tem-se a sensação de que nem tudo está perdido. Essa espécie de gestor engrandece sua administração com o mero cumprimento da lei. Ora, o cidadão de bem não precisa se orgulhar de cumprir as leis. É seu dever! Mas o pior é que de acordo com o Art. 2º da Lei 11.738/2008, "O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00¹ (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade Normal...". Isso significa que apenas os professores cuja formação é em nível médio estão recebendo o piso. Ou, ainda, que nenhum gestor está pagando, de fato, o piso para os professores com formação em nível superior. Na melhor das hipóteses, eles estão pagando o contrapiso do magistério uma vez que o valor fixado pelo MEC diz respeito à formação em nível médio. É bem verdade que essa defasagem é consequência de uma somatória cruel entre a falta de clareza da relatora da Lei e a interpretação propositadamente equivocada dos gestores. Mas o cúmulo do absurdo e do descaso pela educação pode ser testemunhado pelos professores gaúchos. Naquele estado existe uma espécie não-catalogada de gestor. É o resultado do cruzamento entre o ex-ministro da Educação, Tarso Genro e o ex-ministro da Justiça, Tarso Genro. É um monstro! Talvez resquício da era Mesozoica! Uma aberração do executivo dos pampas que acha certo continuar pagando vergonhosos R$ 791,00 de piso para os profissionais da Educação.
A esperança dos professores, estudantes e dos brasileiros de uma forma geral é que, em meio à essa desorganização institucional e antidemocrática possa um dia surgir uma nova espécie de gestor: uma verdadeiramente comprometida com a Educação.


Um abraço


¹ Esse valor é referente ao ano de 2009.

quarta-feira, 7 de março de 2012

O DIAGNÓSTICO EXISTE, MAS O TRATAMENTO...

Se existe um aspecto no qual a educação pública brasileira evoluiu, isso ocorreu no sistema de avaliação da qualidade do ensino. ENADE, ENEM, PROVINHA BRASIL, entre outros, constituem uma importante ferramenta no tocante à aquisição de dados, que por sua vez, oferecem um visão ampla e empírica da situação do ensino público no Brasil. Por que, então, a qualidade da educação cumpre uma trajetória tão demasiadamente descendente ao longo dos anos? A resposta é simples: as autoridades tem o diagnóstico, mas não conseguem decidir o tratamento.
Seja por falta de vontade política, seja por descaso histórico e institucional pela educação, as ações promovidas pelo Estado nunca são suficientes para mudar a conjuntura em que se encontra a educação.
Seria um caso raro de incompetência congênita? Absolutamente. Pois se isso fosse verdade, a mera substituição dos mandatários resolveria o assunto. A questão é mais complexa e está relacionada à maneira como o governo vê a educação - um balcão de negócios de aporte financeiro gigantesco.
Uma saída consistente é a federalização do ensino. Em primeiro lugar porque as instituições com melhores resultados são os Institutos Federais. Além disso, a aplicação e a fiscalização dos recursos seriam atribuições federais, o que contribuiria para melhorar as instalações físicas das escolas e garantiria a tão desejada valorização dos profissionais dessa área.
Enquanto o Estado não parar de se preocupar apenas com números e decidir viabilizar mudanças profundas na educação pública, nós estamos fadados a ter uma pseudoeducação, em que os alunos fingem que aprendem, os professores fingem que ensinam e o governo finge que investe.

Um abraço

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Herói ou Vilão?

Nos idos de 1992, havia uma disciplina escolar chamada Educação Moral e Cívica. A grande maioria da turma não dava a devida importância àquele componente curricular, uma vez que o objeto de estudo era sem sentido, pelo menos para adolescentes de 13 ou 14 anos de idade, preocupados com o nascimento de pelos e o surgimento de espinhas.
O problema é que, apesar de subestimada pelos alunos, essa disciplina tinha o mesmo valor das outras na hora de definir a aprovação ou reprovação dos estudantes. E o dia da prova do 4º bimestre chegou. Eu já tinha passado, mas alguns dos meus amigos estavam pendurados.
Durante a aplicação da prova, enquanto eu tentava fazer a minha, era insistentemente interrompido:
- Qual a resposta do 2?, perguntava um deles.
- Ei, diz a resposta do 3, pedia outro.
Quando já ia entregar a minha prova, olhei do lado e vi um dos meus amigos com os olhos marejados. Ele não fizera nada e seria reprovado certamente. Poderia ter virado as costas, mas com um lindo gesto de altruísmo e humanidade, pedi a sua prova e comecei a respondê-la. Porém, para complicar a situação, outro amigo viu e também pediu ajuda. Peguei sua prova e a respondi também. E quando fui levantando para sair, senti algo inesperado. Um aluno com o qual eu nem falava por questões juvenis - times e disputas por namoradas - tocou no meu ombro e disse:
- Faça a minha prova, senão vou falar para o professor. Eu vi você fazendo as provas dos outros.
Eu comecei a tremer. Era um misto de raiva e medo. Apesar disso, comecei a fazer a prova.
Na semana seguinte, o professor veio dar os resultados. A minha nota e dos dois primeiros colegas foram iguais: 7,5. Eles, felizes da vida, agradeciam a mim. Mas, o pior ainda estava por vir. Havia algo de estranho no semblante do menino que me ameaçara durante a prova. Alguma coisa estava errada. Algumas respostas estavam erradas. A nota dele: 5,5. Recuperação!
E debaixo de toda sorte de impropérios dirigidos à minha pessoa, fui embora correndo tão rapidamente que meus calcanhares encostavam nas nádegas. Minha sorte foram os amigos os quais ajudei: eles me escoltaram até em casa.

Um abraço

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Força Tarefa

Junte Sérgio Cabral, governador do RJ, Jacques Wagner, governador da BA, Renato Casagrande, governador do ES, Antonio Anastasia, governador de MG e Sid Gomes, governador do CE. Pronto! Você terá uma Força Tarefa. Mas não é um esquadrão com o intuito de proteger a população contra criminosos. Tudo bem, eles não são policiais, são políticos. Então, quem sabe eles vão se unir para criar políticas públicas visando à melhoria da vida das pessoas! Nada disso. Pelo menos no tocante aos profissionais de educação, a intenção deles é arregimentar apoio para bloquear o que dispõe o Artigo 5º da Lei 11.738/2008, que prevê o reajuste dos professores segundo "O MESMO PERCENTUAL DE CRESCIMENTO DO VALOR ANUAL MÍNIMO POR ALUNO REFERENTE AOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL URBANO, DEFINIDO NACIONALMENTE". Eles querem a correção com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), saindo dos atuais 22% para 6%.
O pior é que, além da iniciativa propriamente dita, o modus operandi desse esquadrão é desprezível. Primeiro, eles procuram o Presidente da Câmara - Marco Maia - para pedir apoio na celeuma e depois negam.
Esses governadores, assim como a maioria dos gestores brasileiros, deveriam buscar maneiras de desonerar a máquina pública tão incrivelmente sobrecarregada com as nomeações, cargos de confiança e afins em vez de usar de esquemas para subverter aquilo que está previsto em lei.

Um Abraço

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Síndromes

Em cerca de dez anos de atuação na Educação, consegui diagnosticar algumas anomalias sociais intrínsecas aos nossos adoráveis alunos. Algumas delas já são uma espécie de epidemia. Outras, porém, são pontuais.Vejamos alguns exemplos:

Síndrome da Desistência: o aluno desiste. Depois, ele desiste de desistir. Mais tarde, ele desiste de desistir de desistir. Mas quando se aproxima o final do ano, ele desiste de desistir de desistir de desistir e reaparece perguntando ao professor se ainda tem chances. O tratamento varia de instituição para instituição. As sérias aplicam uma dose de reprovação. Outras, no entanto, mandam que o professor administre algumas atividades em gotas homeopáticas - afinal, o coitadinho perdeu muitos conteúdos - e o aprovam.

Síndrome da Resolução de Problemas: quem dera fossem problemas de Matemática! Mas não são. Trata-se daquele tipo de aluno que a todo momento sai da sala para "resolver um problema". Dia desses, uma menina saiu para resolver seis problemas num espaço de tempo de quarenta minutos. Ela alcançou uma incrível média de um problema surgido a cada três minutos. Às vezes, até fico preocupado porque esses problemas nunca são resolvidos. E o pior é que eles ainda são adolescentes: o que será deles quando virarem adultos?!

Síndrome da Falta de Respeito: essa já virou epidemia. É incrível como a falta de respeito é uma característica da grande maioria dos estudantes de hoje. Em vez de "você" é "desgraça", em vez de "Sra." é "aquela peste", em vez de "por favor" é "vai t...". Para isso, um bom remédio seria uma atuação mais eficiente das famílias, muito embora nós saibamos que para alguns não há mais cura.

Síndrome do Celular Incontrolável (SCI): é facilmente identificável. O aluno não consegue se desvencilhar um instante de seu aparelho. Sem o celular, ele se sente despido. É como se o equipamento fosse um órgão do seu corpo, sem o qual a vida seria impossível. Mas o pior é que em vez de o indivíduo ficar no controle, quem manda é o aparelho. Eles ficam ouvindo música o tempo todo. Quando o professor, achando exagero, pede para tirar os fones, eles dizem que está desligado. Eles também são viciados em colocar as bolinhas vermelhas no local certo, como se fosse um grande desafio. É altamente contagiante.

EDUCASSÃO!!!

Leiam este relato:

Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
Tentei explicar que ela tinha que me dar R$ 5,00 de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.
Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?
2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

5. Ensino de matemática em 2000:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

7. Em 2010 vai ser assim:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
(Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder).
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

É cômico, se não fosse trágico! Infelizmente, o governo brasileiro não está preocupado com a qualidade da educação. A preocupação se restringe a números e estatísticas desvinculadas de aspectos qualitativos.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Isso é Eloquência

Todos os professores estavam reunidos. Era o início da Semana Pedagógica - 2011, numa cidade não muito longe daqui. Entre cumprimentos, abraços e sorrisos, o reencontro dos colegas de luta materializava-se.
Ao canto, uma belíssima mesa, cheia de petiscos, bebidas naturais das mais variadas frutas, em direção à qual as pessoas seguiam para deleitar-se.
Mas como os trabalhos deveriam iniciar-se, a mestre de cerimônia logo compôs a mesa. Em seguida, convidou o Secretário de Educação para fazer o discurso de abertura. E ele o fez.
Com uma eloquência objetiva, disse:
- Bom dia a todos e a todas. Quero dar as boas vindas e dizer que o aumento de vocês, que seria em torno de 7% passou para 15% e será pago em março, já com o retroativo. Bom trabalho.
E assim, ele encerrou suas palavras. Lindas, emocionantes e eloquentes palavras. Foi, certamente, um dos discursos mais contundentes e bonitos que já vi. Quem dera, ele pudesse emprestar um pouco dessa eloquência aos seus colegas secretários.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

TIPOS DE PROFESSOR

O ANO LETIVO JÁ COMEÇAR... EIS UMA HOMENAGEM AOS MEUS COLEGAS!


1° Desleixado. É aquele professor (não professora) que parece que acabou de sair de uma pista de skate e veio direto dar aula. Não tá nem aí para a aparência;


2° Trovão. Com esse a escola toda aprende a matéria. Parece que está usando um megafone para dar aula;


3° Enrolão. Leva a aula na base do “embromômetro”. Se você não pesquisar por conta própria, vai se ferrar no futuro;


4° Chato. Todo curso tem que ter um professor chato. Ninguém gosta dele. Normalmente é o cara que no final todo curso todo mundo tem que admitir que aprendeu muito com ele.   
   
5° Legal. Esse tipo é melhor tomar cuidado! Ele é amigo de todo mundo, mas na hora de avaliar não dá moleza prá ninguém! É melhor estudar para a prova ou vai ser reprovado;   
   
6° Show. Esse é muito parecido com o especialista em didática. A diferença é que o cara é simplesmente um artista. Dá aula como se estivesse representando uma peça de Shakespeare;   
   
7° Bonzinho. Não confunda com o legal. Esse todo mundo adora! Você nunca vai ser reprovado com ele. Mas cuidado! Se você provocá-lo ele vira uma fera e aí seu ano já era;   
   
8° Mau. É diferente do chato. É arrogante e acredita que sabe mais que todo mundo. Com esse você pode se matar de estudar que nunca vai tirar dez;   
   
9° Modelo. Esse a mulherada adora. O cara é boa pinta (e sabe disso). Então fica fazendo charminho para as gatas. Os homens que danem-se. Aqui vale uma observação: É difícil encontrar professora desse tipo, mas têm algumas por aí;


10° Sério. Esse é diferente do mau e do chato. Na aula dele o silêncio reina. E se alguém começa a conversar ele já quer saber se o assunto tem a ver com a matéria;  
  
11° Nerd. Sabe muito, mas é péssimo em comunicação;   
  
12° Atualizado. Esse está por dentro de tudo que acontece e muitas vezes passa a aula toda falando de assuntos atuais que não tem nada a ver com a matéria. Você aprende de tudo, menos o conteúdo;  
  
13° Antigo. O famoso dinossauro(a). Saudosista, fica toda hora citando casos da época que você nem havia nascido e achando que você está interessado;  
  
14° Inteligente. Essa espécie tem bastante. Ai de você se for meio burrinho. Esse fala meia palavra e você tem que saber o resto se não fica boiando na matéria;  
  
15° Maluco. Toda escola tem pelo menos um. O cara é doidão, mas é muito inteligente. Quase sempre é o professor mais popular entre os alunos;  
  
16° Fala mansa. Esse(a) fala baixinho. Não está nem aí com a bagunça. Se você quer aprender terá que sentar bem próximo para ouvir o que ele(a) fala;


17°Comunicativo demais. Não sabe quase nada, mas é especialista em comunicação;   
  
18° Humorista. Vive fazendo piadinha sem graça durante a aula. Até para te reprovar ele tem uma piadinha na manga: ” Eu falei para estudar e não estudou…se ferrou!kkkkk.”;  
  
19° Empático. Esse vive falando que já foi aluno, já passou por isso, mas que infelizmente ele precisa dar nota, ou seja, ele te reprova e você ainda agradece;  
  
20° Professor aluno: - Olha pessoal, eu não estou aqui para ensinar. Estou aqui para aprender com vocês!? Aí você pensa: Então vou querer uma parte do seu salário!.  
  
21° Político; interesseiro. Este é bonzinho quase o ano inteiro, nunca dá prova, a gente nunca participa das aulas e mesmo assim nossa nota varia de 8 a 10, nunca menos, mas quando chega lá pra agosto, setembro o santinho e a propaganda eleitoral corre solta na sala de aula, depois da eleição a nossa decepção, o professor perdeu, bomba! Prova surpresa!!!  
  
22° Professor DJ (Pilantrão), especialista em ‘remixar’ o pouco conhecimento que tem pra ficar com cara de novidade.


UM ABRAÇO

Ô piso chorado... Professor sofre!!!!!

"A educação é importante", "Precisamos investir em educação", "O futuro do Brasil depende da qualidade da educação pública". Falácia! Quando, evidentemente, tais assertivas partem da boca de políticos. Isso porque boa parte deles falam em investimentos maciços na educação, mas na hora de a onça beber água, eles inventam alguma coisa. São ADIs (ações diretas de incostitucionalidade), menções ao Limite Prudencial da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). São sobremaneira ardilosos que usam a lei para contrariar a lei!
A mais nova manobra de alguns parlamentares é tentar desvincular a correção do piso do valor do custo-aluno. Ora, a lei 11.708/08 garante a variação do piso salarial de professores de acordo com o valor  do custo-aluno calculado pelo FUNDEB e é por esse índice que todos devemos lutar. De acordo com a CNTE, o valor atual do piso é (ou deveria ser) de R$ 1.937,16 para jornada de trabalho de 40h semanais. Entretanto, estamos longe disso. E quanto mais tácitos e inertes ficarmos, essa distância tende a aumentar. A seguir postei o link de um vídeo com uma entrevista com a dep. Fátima Bezerra acerca deste tema. Assistam e formem suas convicções.

Um abraço

http://www.youtube.com/watch?v=FdTa9wJxzcA&feature=player_embedded



segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

CORAM LEGEM

A cada dia que passa, os brasileiros se deparam com leis - aberrações jurídicas - cuja função social é superestimar aspectos insignificantes da vida e tornar as pessoas reféns de coisas até então irrelevantes. Explico. Não é necessário ser um leitor assíduo de jornais e revistas para saber que, no Brasil, as pessoas que, em função de alguma circunstância da vida, chamarem alguém de "bicha", podem ser passíveis de prisão e processo por ato discriminatório. Porém, há pessoas que roubam milhões e milhões de reais dos cofres públicos e nada acontece. Será que proferir determinadas palavras - de baixo calão, é verdade - é mais grave do que assaltar o contribuinte?
No contexto da sala de aula, é provável que daqui a alguns anos, a professorinha do primário não possa mais contar aquelas estorinhas folclóricas tão adoradas pelas crianças. Já imaginou, a professora dizendo:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Saci-Pererê!
E quando ela for saindo da escola, já esteja uma viatura da polícia pronta para levá-la ao distrito. Ainda bem que tudo é uma questão de léxico, de terminologia, de vocabulário. Portanto, queridos professores, quando quiserem contar a estorinha supracitada, falem assim:
- Pessoal, hoje vou contar a estória do Afrodescendente portador de necessidades especiais!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O Poder da Síntese

O professor James entrou na sala de aula para mais um dia de trabalho. Contudo, deparou-se com uma balbúrdia sem precedentes. Meninos brincando de guera de bola de papel - bando de belicistas, uns correndo pela sala, outros chutando as carteiras - coitadinhas das carteiras, outros, ainda, gritando tão histericamente que alguém que passasse no meio de uma tempestade de areia no deserto a um quilômetro ouviria! Para dar um basta, o professor golpeou o seu birô com a palma da mão. Os alunos, surpresos com tamanha "lapada", olharam todos, de olhos esbugalhados, em direção ao professor. Ele então disse:
- Por causa disso, vocês vão produzir uma redação em que os temas sexo, monarquia, religião e mistério sejam abordados. Vai valer a nota da prova!
Alguns alunos, horrorizados, começaram a coçar a cabeça e todos deram início à tarefa.
Dois minutos depois, o Joãozinho - sempre ele - levantou a mão e disse:
- Professor, terminei!
Incrédula e ironicamente, o professor respondeu:
- Humm, terminou?! Então leia a sua redação.
Joãozinho, parecendo um "lord" inglês, foi até a frente:
- Estupraram a rainha! Meu Deus, quem terá sido?

Um abraço

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SE NÃO PODE COM ELE...



O professor James estava discorrendo sobre o tema da sua aula e, de vez em quando, era interrompido por um aluno. O nobre magíster, então, pedia ao seu pupilo que colaborasse e fizesse silêncio. Silêncio que durava ínfimos 30 ou 40 segundos. Após este período - uma eternidade pro aluno - ele voltava a falar, a gritar, a proferir toda sorte de impropérios. Vendo a situação fugir do seu controle, o professor resolveu agir mais, digamos, incisivamente:
- Menino, faça silêncio.
- Que isso, "fessô!", respondeu o aluno.
- Você está atrapalhando a aula desde o início.
- Tá bom, vou ficar quieto!
O professor, como tivesse resolvido o problema, virou-se para pegar o livro e voltar ao raciocínio. Porém, eis que subitamente um objeto voador não-identificado atingiu em cheio a lousa. É um pássaro, um avião?!?!Não, era uma bola de papel tão dura que parecia de outro material. O mestre não titubeou. Partiu em direção ao aluno e disse:
- Saia da sala!
- Não saio!
- Saia da sala! Estou mandando!
- Não saio! Não saio!
- Então fique!
Não sei o que causou o refugo do destemido professor, mas tenho uma leve desconfiança que isso tem algo a ver com o tamanho do aluno.

Um abraço

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PEDAGOGIA DO "BATEU, LEVOU"



O professor James estava dando os encaminhamentos para iniciar a sua aula. Entretanto, dois garotos estavam, insistentemente, trocando "elogios" - os professores podem imaginar quais são - quando um deles arremessou uma inofensiva bolinha de papel contra o colega. Muito educadamente, o outro menino atingiu-lhe com um limão (isso mesmo, um limão!). O garoto alvejado por aquela fruta cítrica e ascórbica começou a chorar. Por coincidência, a diretora da escola passava justamente pela sala na hora dos fatos. O professor não hesitou em chamá-la. Ela aproximou-se, olhou pela janela e disse, dirigindo-se ao aluno-alvo do limão:
- Tá vendo, Beltrano, é bom bater, é bom levar.
Depois dessa brilhante intervenção, quase "Freireana", o professor James, emocionado, só conseguiu ver o tamanho do "galo" na testa do menino. Dali em diante, qualquer conflito mais sério foi resolvido pela pedagogia do "Bateu, Levou".

Um Abraço
Um professor de Ciências/Biologia, grande amigo meu, contou-me a seguinte passagem: Ele colocou uma questão na sua prova da 1ª série do Ensino Médio que pedia aos alunos para apontar uma utilidade dos preservativos (camisinhas). Em uma das mais interessantes respostas da história da humanidade, o menino disse: "Evitar gravidez sexualmente transmissível".
Eu fiquei pensando: já imaginou se a gravidez não fosse sexualmente transmissível! O que seria dos fabricantes de preservativos!!!!!!!!!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Tabuada de Inglês

Certo dia, estava dando aula para uma turma do 6º ano. Tudo corria bem, até que eu coloquei na lousa uma lista com os meses do ano em Inglês. Como há uma semelhança considerável com o Português, resolvi "problematizar":
- Pessoal, o que vocês percebem nessa lista? Ela parece com algo que vocês já conheçam?
Solicitamente, uma menina respondeu:
- Sim, professor!
Eu, cheio de satisfação e expectativa, repliquei:
- Pode falar!
E ela:
- Uma tabuada...
- Uma tabuada?!
Gritamos eu e alguns alunos em uníssono! E até hoje eu fico perplexo e estupefato, tentando entender como aquela aluna conseguiu vislumbrar aquilo.

Um Abraço